Há mais de setenta dias com as portas do comércio fechadas em decorrência do novo coronavírus, uma infinidade de pensamentos permeiam cada um de nós. Desafios sempre surgem ao longo da vida e tenho certeza que eles também nos fortalecem, mas, reagir diante dos percalços é extremamente necessário. As medidas adotadas até aqui não se mostraram muito eficazes para frear a taxa de contágio, por isso o Plano de Reabertura das Atividades Econômicas do Amapá é tão importante.
O Superior Tribunal Federal (STF), definiu ainda em abril que os Estados e Municípios têm total autonomia para impor as medidas de isolamento social, porém, na prática, muitas decisões parecem ter sido apenas replicadas entre as regiões. Por um lado técnico, essa situação nos deixa apreensivos sobre os rumos que estamos caminhando. Mergulhados em incertezas, ampliar os debates e evidenciar os efeitos devastadores acumulados até o momento, nos permite ter um pouco mais de responsabilidade com a realidade que nos cerca.
No Estado do Amapá, o comércio e serviços concentram 83% dos empregos formais no setor privado, isso em termos quantitativos, equivalem a mais de 50 mil postos de trabalho. Porém, mediante as restrições nas atividades econômicas, a taxa de desocupação pode ficar acima dos 25%. Além desses dados nada animadores, o estudo do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio do Estado do Amapá (IPDC), apontou que cerca de 90% das empresas locais não teriam como sobreviver aos meses de quarentena. Esses foram os primeiros sinais de um encolhimento sem precedentes.
Analisando os desdobramentos das medidas restritivas impostas até o momento, chegamos à conclusão que o funcionamento do comércio não é responsável pelo crescimento da taxa de contágio. Logo, a retomada gradativa das atividades econômicas deve ser pautada por nossos representantes, pois como o Dr. Patrício Andrade já reforçou em alguns momentos, “Pensar no controle de uma doença e não atentar para os impactos econômicos é esquecer os fundamentos da epidemiologia, pois o hospedeiro vive em uma sociedade”.
Vários Estados já anunciaram o retorno às atividades econômicas, outros estudam uma estratégia cabível ao momento. Por certo, flexibilizar o isolamento social, nunca significou voltar à normalidade, muito menos relaxar nos cuidados já esclarecidos pelo Ministério da Saúde. Trata-se de redobrar ainda mais a atenção e entender que somos responsáveis por outras vidas também. Cumprindo as regras gerais e os protocolos estabelecidos em cada segmento, vemos as empresas operando como grandes núcleos de contenção, isso significa dizer que serão como centros de controle para o covid-19.
A opinião pública em uma sociedade democrática, além de ser assegurada constitucionalmente, é o que caracteriza o nosso sistema. Então, por que não considerar os anseios da população? Juntos somos mais fortes e devemos fazer parte dessa luta também.